O Declínio Necessário das Editoras Tradicionais: Uma provocação sobre Autonomia Literária
AVISO: O TEXTO A SEGUIR É UMA PROVOCAÇÃO. UM CONVITE PARA A REFLEXÃO. UM AVISO, MESMO, PARA CASO VOCÊ NÃO TENHA COMPREENDIDO O TÍTULO.
Na era digital, onde a informação se espalha como um incêndio em campo seco, é chegada a hora de questionar o papel das editoras tradicionais na perpetuação da literatura. Não se trata de um obituário antecipado, mas de um chamado à reflexão sobre a urgência de um novo paradigma literário, onde a autonomia e a independência dos escritores e escritoras são priorizadas.
As editoras tradicionais, com seus excessos burocráticos e contratos-algemas, parecem estar em um embate anacrônico com a velocidade e a liberdade da era digital. Enquanto o mundo ao seu redor se transforma, conectado por fios invisíveis de internet, elas insistem em manter as “portas fechadas”, reservando o acesso à publicação apenas para os escolhidos por seus comitês esotéricos e/ou para aqueles ingênuos, estes últimos, muitas vezes seduzidos por uma falsa idealização do que é ser publicado através da cilada da publicação paga ou da tão usual prática da “pré-venda” (onde o autor se compromete a comprar todos os livros que não foram vendidos). Em última instância é sempre o dinheiro que fala mais alto, nunca a arte.
A criação literária jamais deveria ser um privilégio reservado a uma elite (seja ela qual for). É tempo de descapitalizar o circuito cultural da literatura, de democratizar o acesso aos meios de publicação e de derrubar os portões privados do mercado editorial em prol das massas sedentas por vozes novas e diferentes.
Nesse sentido, a publicação independente e os coletivos literários deveriam emergir como faróis de esperança em um mar de marasmo editorial e conformismo literário. Iniciativas pensadas não apenas para desafiar o modus operandi das grandes-e-médias-e-pequenas editoras, mas também para reivindicar o direito dos escritores e escritoras de controlar o destino de suas obras.
As ferramentas de autopublicação e impressão sob demanda são instrumentos importantes para o início dessa proposição, em se tratando de uma provocação epistêmica, pois disponibilizam a autores e autoras o poder de lançar suas obras diretamente nas mãos dos leitores, sem intermediários editoriais ou cessões de direitos. O autor como editor, um artista consciente de si mesmo e de todos os processos de sua obra.
Compreender que o objeto-afeto conhecido como livro precisa e pode ser o único mediador entre quem escreve e quem lê. E não se trata apenas de mudar a forma como se pensa a publicação de um livro, mas de reinventar o próprio conceito de publicação.
Escritores e escritoras devem assumir as rédeas de seu próprio destino. E isso precisa ser um processo de empoderamento coletivo, onde quem cria finalmente reivindica o direito de acabar com o dar mais do que recebe, de moldar o futuro da literatura com suas próprias mãos, palavras e ideias.
Uma revolução horizontalizada, sem hierarquias, implacável, que sussurrará nas entrelinhas da história.
Pensar o fim das editoras tradicionais, em prol da autonomia de quem escreve o livro, é não negar a possibilidade de uma nova forma de pensar a literatura.
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Eu me chamo Leonardo Triandopolis Vieira. Estou escritor e editor independente. Conheça meus trabalhos Clicando Aqui. Se gostou desse artigo, curta, comente e compartilhe.